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O PROJETO

Vão nascer muitos tipos de frutas para o nosso fortalecimento, 

dos adultos e também das crianças.

Vão nascer as coisas para a gente comer. 

As crianças também vão comer.

Vão nascer muitas frutas

Vão nascer muitas! 

 

Aquele que não está acreditando, 

que está ateando fogo

queimando a mata. 

Assim as árvores não vão nascer! 

 

As árvores vêm por baixo da terra, 

mas quando põe fogo na terra,

a árvore desce, ela volta pra baixo. 

 

Não pode pôr fogo na terra, 

a árvore tem que nascer e crescer

para ter muita fartura, tatu, água... 

Porque é necessário ter água, pois ela sobe pela raiz 

E é por isso que nós estamos conversando aqui! 

 

Aqui havia muitas nascentes, já não existem mais. 

Por que as pessoas estão dando nome às coisas? 

Por exemplo, aqui, à beira do rio, tem uma árvore chamada 'tokoxuk' (pau barriguda). 

As pessoas viram isso e estão chamando

o rio de 'tokoxuk kox tu' 

Rio da árvore tokoxuk. 

 

Na fazenda José Nogueira

as pessoas chamam aquele pedaço de terra

no meio do rio de "ilha". 

Olha! Meu sobrinho está aqui, mas os outros estão de costas!

Temos que ficar juntos para ver como é que funciona. 

Nós não estamos brincando. 

 

Quem tá mexendo com isso não pode ficar de costas

Tem que olhar como é que faz. 

Tem que prestar atenção para saber

onde estão os lugares no mapa. 

Onde fica o rio da anta

o lago do tracajá

o lago “lágrima de macuco”

o lago das sementes…

Se eu fizer sozinho vai ficar faltando… 

 

Manuel Damásio Maxakali

Nosso projeto dá início a ações de recuperação ambiental em 4 TIs (6.433,91 ha)  Tikmũ’ũn_Maxakali (ca. de 2500) formando 30 agentes agroflorestais indígenas (AAFI) Tikmũ’ũn que implementarão quintais agroflorestais e áreas de recuperação ambiental, produzindo alimentos, conservando e protegendo florestas, formando redes de coletores de sementes, construíndo viveiros educativos e fortalecendo práticas comunitárias de educação ambiental e etnodesenvolvimento. Ao final serão implementados 60 ha de SAFs e 300 ha de áreas de reflorestamento.

OBJETIVOS

 

O principal objetivo da proposta é o de formar Agentes Agroflorestais Tikmũ’ũn responsáveis pela implementação e manejo de quintais agroflorestais e a recomposição florestal, aliando conhecimentos tradicionais aos princípios da agroecologia na recuperação ambiental de suas terras e reconquista da soberania alimentar. 

 

Os demais objetivos são:

  1. implementar viveiros educativos nas aldeias estimulando produção de mudas; 

  2. implementar uma rede de coletores/as de sementes; 

  3. levantar práticas e conhecimentos Tikmũ’ũn sobre sistemas agrários, biodiversidade, clima e ciclos, articulando-as com a elaboração de uma matriz curricular para reconhecimento de formação de nível médio; 

  4. produzir material didático sobre Agrofloresta para as escolas indígenas; 

  5. promover intercâmbios entre as/os Tikmũ’ũn e jovens de comunidades da mata atlântica; 

  6. dialogar com modelos da formação de agentes agroflorestais do  Centro de Formação Povos da Floresta, reconhecidos, desde 1998, pela Secretaria Estadual de Educação do Acre como ensino médio profissionalizante; 

  7. estreitar  parcerias entre instituições que atuam entre os Tikmũ’ũn, buscando a reposição da floresta, das matas ciliares, de frutíferas e nativas em seus territórios; 

  8. promover a soberania alimentar com a implantação de SAFs; 

  9. criar condições que promovam o retorno dos animais importantes para o sistema simbólico dos Tikmũ’ũn.

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A FORMAÇÃO DOS AGENTES AGROFLORESTAIS TIKMũ’ũN

O princípio metodológico é o protagonismo dos Agentes Agroflorestais Tikmũ’ũn como pesquisadores e atores nas ações de recuperação ambiental e reflorestamento de suas terras. Em oficinas de etnomapeamento, pensaram coletivamente seus territórios, produziram e aplicaram os conteúdos da gestão territorial e ambiental relacionando seus próprios conhecimentos com os saberes das demais culturas.

 

Os cursos são essencialmente práticos, nos quais os Agentes Agroflorestais Tikmũ’ũn sistematizam e aplicam seus conhecimentos e dialogam com conceitos e técnicas do saber acadêmico sobre o manejo do meio ambiente. Na formação constam pesquisa, levantamento e  sistematização dos conhecimentos tradicionais e escrita pictográfica dos novos conhecimentos. 

Os Cursos, Oficinas e Assessorias acontecem nas aldeias. A formação conta com a participação de assessores técnico-educativos permanentes e pontuais, selecionados segundo a especificidade da atividade. Os diários de pesquisa e relatórios dos Agentes Agroflorestais Tikmũ’ũn são acompanhados pela equipe. Em parceria com a UFSB, UFMG e IFNMG esta ação pretende contribuir com a regulamentação de uma Formação Profissionalizante de Ensino Médio para os Agentes Agroflorestais Tikmũ’ũn.

AS VIVEIRISTAS E
OS VIVEIROS-ESCOLA

Os viveiros-escola são descritos pelas mulheres Tikmũ’ũn como o "útero da floresta" e as mudas como crianças que necessitam cuidado. Os viveiros acolhem mudas dos nossos parceiros -  Instituto Estadual de Florestas, Instituto Cabruca, Programa Arboretum -  e garantem, com a produção de novas mudas, a sustentabilidade do projeto. A participação das mulheres Tikmũ’ũn como viveiristas, que chegam acompanhadas de suas crianças para as atividades de cuidado com as mudas, fortalece o potencial educativo e procriador destes espaços centrais do Hãmhi | Terra Viva.

Os viveiros-escola foram implementados com a parceria do CNPq, das Escolas Maxakali e das prefeituras das localidades onde se encontram Pradinho, Água Boa e a Aldeia-Escola-Floresta (Bertópolis, Santa Helena de Minas, Teófilo Otoni) e construídos com a assessoria técnica do Instituto Estadual de Florestas e do Programa Arboretum.

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